Há mais de um século a NRF Retail´s Big Show dita as tendências para o varejo no mundo. O evento acontece anualmente em Nova York sempre na primeira quinzena de janeiro. Esse ano, em sua 114º edição, o encontro foi dividido em três dias: 14, 15 e 16 de janeiro, e realizado no Centro de Convenções Jacob K. Javits. O local recebeu mais de 40 mil pessoas, 6 mil marcas, 450 palestrantes e mil stands na feira.

Nos palcos, grandes nomes compartilharam um pouco de sua experiência profissional, como a nova presidente da Levi’s, Michelle Gass; Magic Johnson, astro da NBA e maior ídolo dos Los Angeles Lakers (além de empreendedor de vários nichos, desde alimentação até produtos esportivos); e Stephanie Linnartz, CEO da Under Armour.

E muita inspiração saiu desses números. A CMO da 7-Eleven, rede de conveniência pela Europa e EUA, Marissa Jarrat, trouxe uma dela, dizendo que “um monte de dados não serve para nada se você não souber que problema está tentando resolver”. A intencionalidade permeia as grandes empresas que traçam estratégias. Ela precisa saber exatamente onde querem chegar para, a partir daí, descobrirem que dados precisar ter nas mãos, para tomar as decisões mais assertivas.

Marc Benioff, CEO da Salesforce, empresa de software, afirmou que “a I.A. vai deixar cada vez mais frequentes as situações em que os clientes sentem que as lojas (marca) adivinharam o que eles queriam”. E isso cabe como uma luva para o setor da construção civil. Já imaginou ter via inteligência artificial, o pré-projeto de um empreendimento que atenda as demandas do seu público? É praticamente auto-vendável.

Mas claro que não é nem será simples assim. Existem outras variáveis nessa equação que a NRF trouxe para reflexão de quem trabalha com no B2C (negócios para os consumidores finais). É preciso entender algumas tendências que vão impactar nossos negócios. Participando de grupos de discussão pós-NRF constatamos que as 6 expressões mais usadas na feira foram: RETAIL MEDIA (comercializar espaços no seu site – já tinha pensado nisso?); INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (já é realidade e você precisa ao menos saber mais sobre o tema); MARCA FORTE (mais do que vender sua marca precisa ser respeitada e conhecida); MULTICANAL (não é OMINICHANEL, mas sim MULTICHANEL, ou seja todas as suas plataformas estarem conectadas); LOJAS AUTÔNOMAS ( redução de custos, de erros, e agilidade); LOGÍSTICA PARA O ONLINE (não adianta você ter um atendimento online se seu cliente ainda precisa ir no escritório para assinar o contrato).

Além disso outras tendências interessam o seu mercado, conforme Guilherme Hassmussen, da Venda Mais:

  1. O envelhecimento populacional e Diversidade Familiar: Varejistas estão adaptando estratégias para atender um público mais velho e diversificado, com foco em produtos e serviços para idosos e experiências de compra acessíveis para famílias multigeracionais.
  2. Tecnologia e Ética: A tecnologia, como inteligência artificial e realidade virtual, está sendo usada para criar experiências de compra personalizadas. No entanto, isso levanta questões éticas, especialmente em relação à privacidade de dados e impactos sociais da automação.
  3. Eco-Responsabilidade e Mudanças Climáticas: A demanda por produtos e serviços sustentáveis está crescendo, impulsionando os varejistas a adotar práticas mais sustentáveis.
  4. Tensões Geopolíticas e Desigualdade Econômica: Esses fatores criam um ambiente de negócios incerto, exigindo que os varejistas sejam flexíveis e adaptáveis.
  5. Consumo Polarizado: As divisões políticas e econômicas estão levando a um aumento no consumo baseado em crenças e valores individuais.
  6. World-Building: Refere-se à criação de experiências de compra imersivas e envolventes, utilizando tecnologia de maneira criativa.
  7. Inovação Sem Limites e Geração Z: As apresentações focaram em inovações do segmento e estratégias para lidar com consumidores da Geração Z, destacando a necessidade de abordagens inovadoras e adaptativas.
  8. O Básico Bem-feito: A importância de práticas eficientes de operação no varejo, com ênfase na otimização de investimentos e atenção aos detalhes no atendimento ao cliente.
  9. Um Maravilhoso Mundo Híbrido: A tendência de integração entre o mundo físico e digital, atendendo a demandas de consumo que combinam interações físicas e digitais com as marcas.
  10. Inteligência Artificial na Veia: O uso crescente de inteligência artificial no varejo, não apenas para automação, mas também para análise de dados, produção de texto, chatbots e geração de imagens.
  11. Conexões Poderosas: A importância de parcerias e conexões no setor de varejo, destacando a relevância de estabelecer relações significativas no mercado.

Para o varejo brasileiro, essas tendências indicam uma necessidade de adaptação e inovação em diversas áreas. Por exemplo, a adoção de tecnologias como IA para personalizar a experiência do cliente e o foco em práticas sustentáveis podem ser aspectos cruciais para o sucesso no mercado brasileiro. A NRF 2024 também destacou a importância de entender o comportamento do cliente para promover produtos de forma mais eficaz, além de abordar temas como gestão de pessoas, a cultura do compartilhamento e recommerce (venda de itens usados).

O que de fato precisa ser pensado por todos que trabalham com vendas, clientes e negócios é a necessidade de estarmos atentos às mudanças, às novas necessidades. Se a geração Z – nascidos entre 1990 e 2010 já está no radar de muitos prepare-se então para a geração ALPHA – nascido a partir do ano 2010. Com menos de 15 anos, acredite, essa geração já faz os pais comprarem – ou não – um apartamento. O mundo está mudando muito rápido e você decide se vai embarcar ou não. Na verdade, na verdade, meus queridos, não temos mais opção!

 

Roberta Dietrich, jornalista